Orifício Culposo: Sick Birds

21 de agosto de 2011

Sick Birds



Se as decepções, mágoas e dissabores saíssem nos jornais, não haveria tantos fornecedores para contar as histórias.


Quando eu penso que já fizeram-me de tudo, lá vem mais uma lambada e um tabefe bem dado. Como nos surpreendemos com as pessoas. Como elas fazem questão de deixar isso bem claro.
São poucas as pessoas que podem contar com os amigos e ainda assim nos dedos.
O mundo virou uma grande competição e todos querem estar no pódio, independentemente de como consigam isso. Fico assustada com os valores perdidos, amores deixados para trás e déficit de carinho.
E não pense você que isso acontece apenas fora de casa, muitas vezes é dentro dela.
Desde que eu me entendo por gente, dar um beijo de “boa noite” nos pais é um gesto carinhoso. Sempre pensei que posso amanhecer e as minhas preciosidades (mamãe e vovó) não estarem mais vivas. O que eu percebo frequentemente é que todos estão cagando e andando para os pais, amigos e fraternos. Que se dane o mundo! É o que muitos pensam e dizem.

Outra coisa que eu tenho reparado é o quanto as coisas boas são esquecidas. Em um simples momento de desafeto, as pessoas se esquecem do que viveram com as outras. Se isso acontece em uma amizade, todas as lembranças e dias compartilhados vão para o espaço. Se acontece em um casamento, é cada um para o seu lado. Fácil, fácil.
Como os seres humanos adoram uma briga. Entram nela e depois não sabem como sair. Há quem defina isso como estratégia e inteligência. Eu fico com burrice e impaciência.

Triste pensar que todos se acomodaram com a alegria e boas risadas, não que isso não seja bom, mas a vida é feita de altos e baixos. Pare para pensar e reflita.

Por outro lado, algumas pessoas se tornam duras após tantas decepções e mágoas. Viram verdadeiras pedras de gelo ambulantes. O cérebro deixou de confiar e o coração acatou a informação.

Você não nasceu sabendo andar, falar, ler etc. E nem por isso deixou de seguir em frente. Há uma mágica nas crianças que me fascina. Elas têm o dom do esquecimento e do “bola para a frente”, incrivelmente admiráveis. Já diziam os filósofos o quanto as crianças são sábias e especiais.

Esse mundo tecnológico está cada vez mais entrando nas cabeças humanas. Pessoas sem sensações, sem sentimentos, sem escrúpulos.

Falta pisar na grama, na areia. Falta fazer bolhas de sabão, encardir os pés na rua. Falta chineladas na bunda, tapas de leve na boca. Falta andar mais a pé, de bicicleta. Falta bexigão em festas de aniversário, falta chapeuzinho de papelão e todos rindo de você.

Falta respeito. Falta cumplicidade. Falta união.
Falta uma boa chacoalhada. Falta sinceridade. Falta vergonha na cara.

Há uma grande ferida nesse nosso globo terrestre e os remédios (únicos) somos nós.

              Deixemos o orgulho de lado e façamos os corações baterem em um único som.            



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