Orifício Culposo: setembro 2011

12 de setembro de 2011

Um limão que adoce.


Incrível como coisas tão bobas têm o poder de nos magoar. Como somos vulneráveis. Claro, nem todos são assim, mas infelizmente eu faço parte da Turma dos Bobocas Sentimentais. Admiro essas pessoas que não se deixam abater.

Perdoem a minha expressão, só que eu me sinto assim e sei que muitos de vocês também.
É tão fácil eu me sentir machucada. E é tão fácil eu magoar alguém também. Complicado.
Eu teria vários exemplos tolos para contar em que me senti extremamente triste, porém, me lembro apenas de um recente.

Um dia desses o meu colega do trabalho comprou um rocambole de limão. Ok, o que há de errado nisso? É o melhor rocambole que eu já comi na minha vida. Aliás, preciso aprender a fazê-lo e rir da cara desse meu colega. Paguem para ver.
Há um outro fato também, esse meu colega já foi muito amigo meu e eu o rotulava assim ainda há uns dois meses atrás. Cansei. Cansei de ser idiota, de me dedicar demais a quem não merece.
Não entendi o motivo do seu afastamento e sabem de uma coisa, eu não quero entender. Não vou impor a minha presença. Detesto ser chata.
E esse último episódio foi a prova disso. O meu ex-amigo comprou o rocambole mais bonito da cidade (não resisti, rs) e não me ofereceu. Ofereceu para a minha outra colega de trabalho, apenas.
E sabe o que é mais desolador nisso tudo? Ele já falou mal dela para mim inúmeras vezes. Gente, eu sou um ET ou o que?
As pessoas desconhecem os valores, desfazem laços e tudo por causa de nada.
Todo esse materialismo me cansa. Perdi as esperanças. O que me dá um certo alento, é saber que existem pessoas dignas de confiança e cheias de bons sentimentos. Ainda nesse mundo. Acreditem.
Essas boas causas em prol de pessoas menos favorecidas, também fazem carinho em meu coração. Nem tudo está perdido, afinal.

No final das contas eu nem sou tão boboca assim. Não tenho culpa se guardo um coração molhado aqui dentro.
De qualquer forma essas mínimas coisas me deixam triste, muito triste. Eu queria não sentir nada disso.

Eu ia dizer que corro o sério risco dele ver esse texto e identificá-lo. E querem saber de uma coisa? Que veja. Que veja e que seja útil.

O que um simples rocambole não faz com a gente, hein?

Muitos barulhos aqui dentro



Assim como Caio Fernando Abreu, ando meio fatigada de certas coisas. De saco cheio mesmo, popularmente falando.
É tão cansativo viver em um mundo tão complicado. As pessoas que o complicam, aliás. Contestam tudo. Reclamam de tudo. Fazem carnaval com tudo.
Quão bom seria se as coisas andassem um pouco mais devagar. Se as pessoas ouvissem mais as outras. Se permitissem um debate saudável.
Eu não sei se com vocês é assim, contudo, sempre que eu participo de uma conversa, ela começa mansa e ao fim as pessoas estão quase se matando.
Isso me faz querer ficar calada mais do que eu deveria. Paciência nunca foi uma virtude minha mesmo.
A ideia de gastar saliva à toa tem me feito pensar horas e horas.
Também tenho um complexo de achar que sempre incomodo as pessoas. O silêncio tem sido o melhor caminho.
A verdade é que as pessoas não querem ouvir. Só vivem para escutar o seu ego que grita como um louco desesperado.
Não tenho a intenção de chamar qualquer atenção para mim, muito pelo contrário, quanto mais quieta e sem ninguém me enchendo o saco, melhor. É que isso é algo que realmente me incomoda. Gosto muito de conversar, isso é verdade, entretanto, é apenas para bater um papo amigável e que daí saia alguma coisa que preste. Ao invés disso, quando dou por mim, estou em meio a uma guerra de Tróia. Não é surpresa eu me sentir tão cansada, afinal.
Algumas vezes eu começo a pensar que posso ficar maluca com tantas vozes falando ao mesmo tempo. Ou será que já estou? Será que já estou acostumada? Não quero me acostumar.

Eu reparo no silêncio e dou o devido valor quando eu fico em silêncio. As pessoas deveriam experimentar isso com uma frequência maior. Não há outro modo de entrar em sintonia com ele, só silenciando mesmo.

A questão toda não é apenas o silêncio, mas o ego que todos têm e que salta do peito feito peão na arena.
Precisamos aprender a ouvir mais e a calar mais.
Não é por acaso que temos dois ouvidos e uma boca.
Gosto muito dessa frase:
“Quem fala menos, ouve melhor e quem ouve melhor, aprende mais.”
Isso resume bem o que quero passar.

Inclusive os sábios foram conhecidos por estudarem exaustivamente, quase não tinham tempo para sequer abrir a boca.
Eu gosto dessa ideia. Preciso exercer a arte de ser menos falante. Muito disso é culpa minha também. Se eu não falasse tanto, as pessoas saberiam que eu sou calada e consequentemente não teriam tanto o que debater comigo. Não que eu queira ficar muda, não é isso, mas tudo em excesso é suicídio.

O texto abaixo é sobre o silêncio interno. Muito bem feito e de muita serventia.

Agora, se me derem licença, vou silenciar um pouco.



A SABEDORIA DO SILÊNCIO INTERNO


Fale apenas quando for necessário.
Pense no que vai dizer antes de abrir a boca.
Seja breve e preciso já que cada vez que deixas sair uma palavra,
deixas sair ao mesmo tempo uma parte de seu Chi (energia).
Desta maneira, aprenderás a desenvolver a arte de falar sem perder energia.

Nunca faças promessas que não possas cumprir.
Não te queixes, nem utilizes em seu vocabulário,
palavras que projetem imagens negativas
porque se produzirão ao redor de ti,
tudo o que tenhas fabricado com tuas palavras carregadas de Chi.

Se não tens nada de bom, verdadeiro e útil a dizer,
é melhor se calar e não dizer nada.

Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a energia.
O próprio Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu,
Porque o universo aceita, sem condições, nossos pensamentos, nossas emoções,
nossas palavras, nossas ações, e nos envia o reflexo de nossa própria energia
através das diferentes circunstâncias que se apresentam em nossas vidas.

Se te identificas com o êxito, terás êxito.
Se te identificas com o fracasso, terás fracasso.

Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente
manifestações externas do conteúdo de nossa conversa interna.

Aprende a ser como o universo, escutando e refletindo a energia
sem emoções densas e sem prejuízos.

Porque sendo como um espelho sem emoções aprendemos a falar de outra maneira.
Com o poder mental tranqüilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor
com suas opiniões pessoais e evitando que tenha reações emocionais excessivas,
simplesmente permite uma comunicação sincera e fluida.

Não te dês muita importância, e sejas humilde, pois quanto mais te mostras superior,
inteligente e prepotente, mais te tornas prisioneiro de tua própria imagem
e vives em um mundo de tensão e ilusões.

Sê discreto, preserva tua vida íntima, desta forma te libertas da opinião dos outros
e terás uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa, indefinível,
insondável como o TAO.

Não entres em competição com os demais, torna-te como a terra que nos nutre,
que nos dá o necessário.

Ajuda ao próximo a perceber suas qualidades, a perceber suas virtudes, a brilhar.
O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos.

Tem confiança em ti mesmo, preserva tua paz interior evitando entrar na provação
e nas trapaças dos outros.
 
Não te comprometas facilmente, se agires de maneira precipitada sem ter consciência
profunda da situação, vais criar complicações.

As pessoas não tem confiança naqueles que muito facilmente dizem “sim”
porque sabem que esse famoso “sim”não é sólido e lhe falta valor.

Toma um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta a ti
e só então tome uma decisão.
Assim desenvolverás a confiança em ti mesmo e a Sabedoria.

Se realmente há algo que não sabes, ou não tenhas a resposta a uma pergunta
que tenham feito, aceite o fato.
O fato de não saber é muito incômodo para o ego porque ele gosta de saber tudo,
sempre ter razão e sempre dar sua opinião muito pessoal.
Na realidade, o ego nada sabe simplesmente faz acreditar que sabe.
 
Evite julgar ou criticar, o TAO é imparcial em seus juízos e não critica a ninguém,
tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade.
Cada vez que julgas alguém a única coisa que fazes é expressar tua opinião pessoal,
e isso é uma perda de energia, é puro ruído.

Julgar, é uma maneira de esconder tuas próprias fraquezas.
O Sábio a tudo tolera, sem dizer uma palavra.

Recorda que tudo que te incomoda nos outros
é uma projeção de tudo que não venceu em ti mesmo.

Deixa que cada um resolva seus problemas e concentra tua energia em tua própria vida.
Ocupa-te de ti mesmo, não te defendas.
Quando tentas defender-te na realidade estás dando demasiada importância às
palavras dos outros, dando mais força à agressão deles.

Se aceitas não defender-te estarás mostrando que as opiniões dos demais não te afetam,
que são simplesmente opiniões, e que não necessitas convencer aos outros para ser feliz.

Teu silêncio interno o torna impassível.
Faz uso regular do silêncio para educar teu ego que tem o mau costume de falar o tempo todo.

Pratique a arte do não falar.
Toma um dia da semana para abster-se de falar.
Ou pelo menos algumas horas no dia, segundo permita tua organização pessoal.

Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado,
ao invés de tentar explicar com palavras o que é o TAO.
Progressivamente, desenvolverás a arte de falar sem falar, e tua verdadeira natureza
interna substituirá tua personalidade artificial, deixando aparecer a luz de teu coração
e o poder da sabedoria do silêncio.

Graças a essa força, atrairás para ti tudo que necessitas para tua própria realização
e completa liberação.

Porem tens que ter cuidado para que o ego não se infiltre…
O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio.
Se teu ego se impõe e abusa desse Poder o mesmo Poder se converterá
em um veneno, e todo teu ser se envenenará rapidamente.

Fica em silêncio, cultiva teu próprio poder interno.
Respeita a vida dos demais e de tudo que existe no mundo.

Não force, manipule ou controle o próximo.

Converta-te em teu próprio Mestre e deixa os demais serem o que são,

ou o que têm a capacidade de ser.

Dizendo em outras palavras, viva seguindo a vida sagrada do TAO.





Texto Taoísta (desconheço o autor)