Orifício Culposo: A notícia que desanimou o mundo.

22 de agosto de 2011

A notícia que desanimou o mundo.




Extra! Extra! O planeta Terra adverte: as pessoas do século XXI precisam de uma injeção de ânimo.

Penso nisso quando ouço as histórias da infância da minha avó. Os pés cansados descalços na roça, a comida no fogão à lenha que ela ajudava a minha bisavó a preparar. Ouvia sermões do meu bisavô e ia toda feliz para a escola. Fico encantada quando ela conta que escrevia com pena e tinteiro. Não tão bonita como aquelas mais de antigamente, mas ainda assim me fascina.
Vida de gente que mora na roça não é fácil não, e com certeza essas pessoas são mais animadas que muita galera nova por aí.
Não, não, você não precisa se acabar na balada para provar o seu ânimo aos outros ou a si mesmo, e nem sair pulando feito um anfíbio descontrolado. Eu falo do ânimo para a vida, dos olhares abertos para o que a natureza tem de bom, dos sabores naturais e do gostinho da chuva.

Pais, os computadores estão queimando os miolos dos seus filhos, acabando com as suas infâncias e exaltando os humores.

Crianças, rolem na grama, andem descalços, dancem a dança da cadeira, brinquem.

E eu não fiz esse texto apenas para o universo entre pais e filhos, isso serve para todos, inclusive essa que vos fala.

É tão mais fácil reclamar, não é? O comodismo é uma coisa que muito nos agrada. “Tenho que arrumar as roupas que estão no armário”. “Ah, deixa para outro dia, afinal elas já estão assim há tanto tempo.“
Vivemos no mundo das desculpas, das ilusões, da entrega total ao vazio.

Essa mania que o ser humano tem de complicar as coisas e ir empurrando com a barriga. Vou ser bem clichê ao falar isso, mas temos que viver conforme a expressão “carpe diem”. Para o bem da nossa existência e dos que porventura vierem.
Alguns dias atrás, eu assisti o incrível clássico “Sociedade dos Poetas Mortos” e o filme retrata muito bem isso. Aliás, fica a dica para quem se interessar.
Viver é o verbo que não podemos deixar de lado, muito mais que amar. Pois como amar sem vida? Como amar sem luta?

Essa massa de tecnologia engoliu o mundo e nós fechamos os olhos para esse fato. Pode não parecer, entretanto, a simplicidade faz um bem danado à alma. Pense aí com os seus botões: qual a sensação que você tem quando brinca no balanço? Qual o sentimento que te envolve quando você deita no colo da sua mãe e ela te faz cafuné? Qual a recompensa que você tem quando passeia no parque aos domingos e faz um piquenique? E o que você sente quando consegue ajudar alguém?
A resposta sempre será a mesma: felicidade.
Claro que ganhar aquele relógio que você tanto queria, ou a coleção de livros que você tanto esperou, também te dá prazer, contudo, a felicidade mora nas pequenas coisas. Pequeninos tesouros.
Está para nascer um sentimento maior de felicidade do que quando nos sentimos úteis. Não somos tão egoístas assim, pois sabemos ajudar, sim. Até o comodismo tomar conta. Maldita falta de energia e força de vontade.

O sentimento em prol do bem está ali, mas seguimos feitos marionetes da sociedade.
Se tivéssemos ânimo o suficiente, todos juntos, o mundo não estaria o caos que está. Aí você me pergunta: “o que isso tem a ver com o mundo?”
Tudo, meu amigo. Cadê o ânimo para cobrar dos políticos as promessas feitas em vão? Cadê o ânimo para estudar e consequentemente ser uma pessoa inteligente e dedicada? Cadê o ânimo para parar de fumar e se drogar? Cadê o ânimo para comer melhor e ser mais saudável? Cadê o ânimo no mundo?
Estamos paralisados, senhores. Perdemos o controle das rédeas. Se é que a tivemos um dia, um pouco que seja.

Há exceções, com certeza. Já vi muitos idosos bem dispostos e com um sorriso lindo na face. Isso significa algo, né?

Caso você conclua que não é uma pessoa desanimada, pois muito bem, continue assim. E se você for desanimado, comece levantando da cadeira e busque o sol que espera por você para tomar um sorvete. Vamos?

Espero que você tenha entendido o real significado que eu quis imprimir no verbo desanimar.

Nota: quando eu terminei esse texto, ainda não tinha visto o filme Fight Club (Clube da Luta, em português). E como ele se encaixa muito bem na mensagem que eu quis passar nesse texto, resolvi criar essa pequena nota. Assistam. E não analisem apenas o lado das lutas em si, há muitas mensagens que se você souber ser perceptivo, irá captar.


2 comentários:

  1. Disseste tudo, minha querida. "Não se acomodar com o que se incomoda". Beijos com carinho. Saudades.

    Au revoir!

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  2. Mar, venho pensando há um tempinho e me digo que não posso deixar meu filho, hipoteticamente falando, conhecer um computador até que eu me certifique de que o mesmo teve infância, também quero que o mesmo conheça uma biblioteca desde pequeno (vi uma mãe sentada numa mesa com o filho dentro de uma biblioteca aqui e achei isso o máximo, coisa digna de se fazer, o melhor era que os dois se divertiam ali, fiquei encantada com aquilo e deu até vontade de me juntar a dupla, só não o fiz porque minha mãe não tem paciência pras minhas "histerias" típicas de quando entro em uma biblioteca e já me apressava com as palavras para irmos embora). Fico pensando no que as crianças de hoje têm, não mais as vejo brincar nas ruas, não mais as vejo contemplar um brinquedo erdado pelos avós/pais. Só sinto muito, sei a infância que tive e dou graças a Deus por não ter condições de possuir um computador naquela época, hoje me sinto quase que dependente disso aqui, e sei o quanto é ridículo. Renato disse que o mais simples deve ser visto como o mais importante, e eu levo essa frase comigo pra tudo quanto é canto, tenho uma verdadeira paixão por ela e me sinto feliz com meu jeito de olhar o mundo, sei que as pessoas que comigo convivem não entendem, é uma coisa minha e que não quero deixar de lado.
    Essa tecnologia trouxe muita informação, mas trouxe também o comodismo, e isso é péssimo para a sociedade. Temos um mundo tão lindo fora de casa e poucos percebem isso, sabemos que existem diferenças sociais e que isso implica na visão de "mundo lindo" supracitada, mas não falo disso, falo da natureza e beleza próprias do nosso país.
    Quando você escreveu sobre os idosos me pôs um sorriso na cara, eu adoro conversar com eles, sou fã da minha vó e sempre sonhei em ser uma daquelas idosas saudáveis e bem dispostas do Globo Repórter, rs.
    Fiquei encantada com esse texto, Mar, espero que venham muitos outros. Um beijo.

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